Vereadores reagem a suposto acordo para instalar CPI que investigue ONGs na região da Cracolândia em São Paulo
Nesta quarta-feira (3), vereadores da oposição se pronunciaram a respeito de um suposto acordo realizado entre as bancadas partidárias da Câmara Municipal para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue ONGs que realizam trabalhos sociais na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo. Os principais alvos seriam o Padre Júlio Lancelotti e o movimento A Craco Resiste.
O pedido de CPI foi protocolado pelo vereador Rubinho Nunes no dia 6 de dezembro de 2023. O vereador, que possui ligações com o Movimento Brasil Livre (MBL) e já foi advogado do ex-deputado Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, solicitou a investigação das ONGs que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos usuários da Cracolândia. O requerimento recebeu o apoio de ao menos 24 vereadores.
No entanto, os vereadores de oposição alegam que não existe acordo para que a CPI seja criada, reforçando que se trata de uma estratégia eleitoral e uma perseguição injustificada. O líder do PT na Câmara, vereador Senival Moura, afirmou que o objetivo do vereador Rubinho Nunes é ganhar votos extremistas na próxima eleição. A vereadora Luana Alves, do PSOL, também reforçou a falta de acordo sobre o assunto e classificou a perseguição às ONGs como “aleatória”.
A Mesa Diretora da Câmara Municipal informou que o tema será tratado no Colégio de Líderes após o recesso parlamentar.
Em resposta às acusações, o vereador Rubinho Nunes negou que haja objetivos eleitorais por trás da CPI e alegou que existem indícios sérios contra diversas ONGs. Ele também justificou a investigação sobre o Padre Júlio Lancelotti, alegando que ele atua diretamente ligado às ONGs da região.
O Padre Júlio, por sua vez, respondeu às acusações afirmando que não pertence a nenhuma ONG e que a Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo destinada a ajudar os necessitados na Cracolândia.
O movimento A Craco Resiste também se manifestou, ressaltando que não é uma ONG, mas sim um projeto de militância que visa resistir à opressão junto às pessoas desprotegidas socialmente da região. A entidade também denunciou a política de truculência e insegurança promovida pela prefeitura e pelo governo do estado.
A instalação da CPI ainda será discutida e votada pela Câmara Municipal após o recesso parlamentar. A volta das atividades está prevista para fevereiro.