A Operação Munditia é a mais recente iniciativa visando coibir as atividades ilícitas do Primeiro Comando da Capital (PCC), que, segundo investigações, envolvem-se agora também na concorrência de licitações públicas em várias prefeituras do estado de São Paulo, com um olhar específico voltado para contratos em Sorocaba. Conforme informado pelo Governo do Estado de São Paulo, os contratos sob investigação envolvem mais de R$ 200 milhões, marcando uma significativa empreitada contra a corrupção.
Para a realização deste amplo esforço investigativo, aproximadamente 200 policiais militares foram mobilizados para assistência ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na execução de 42 mandados de busca e apreensão, além de 15 mandados de prisão temporária. As ações judiciais foram autorizadas pela Justiça localizada em Guarulhos e abrangem uma vasta gama de cidades incluindo, além do já mencionado Sorocaba, Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Buri, e Itatiba.
Como resultado dessas ações coordenadas, 13 indivíduos acabaram detidos, com destaque para a prisão de três vereadores e um advogado, além de outros ocupantes de cargos públicos, destacando o alcance da operação nos níveis político e administrativo. Essas prisões foram resultado de buscas realizadas em 11 prédios públicos, 21 conjuntos residenciais e dez estabelecimentos comerciais, onde foram apreendidas quatro armas de fogo de diversos calibres, mais de 200 munições, 22 celulares, notebooks, além de uma considerável quantia de dinheiro, incluindo R$ 3,5 milhões em cheques, R$ 600 mil em espécie e quase US$ 9 mil.
Dentro das revelações da Operação Munditia, descortina-se um cenário onde a estrutura criminosa, supostamente vinculada ao PCC, teria engendrado simulações de concorrências públicas com empresas cúmplices ou pertencentes a um mesmo grupo econômico, permeado por um sistema de corrupção sistemática que envolve agentes públicos e políticos, além de englobar outros delitos como fraudes documentais e lavagem de dinheiro. Estas empresas, segundo a investigação, atuavam de maneira recorrente para frustrar o processo competitivo nas contratações de mão-de-obra terceirizada, impactando diversas prefeituras e câmaras municipais no estado.
A escolha do nome “Munditia” para a operação não é aleatória, refletindo diretamente no conjunto econômico investigado e na natureza dos contratos de mão-de-obra terceirizada, focados principalmente em serviços de limpeza, remetendo ao profundo desejo das autoridades de “limpar” as práticas corruptas que têm prejudicado a administração pública e a confiança da população nas instituições.