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Em meio a relatos de assédio, afastamentos por saúde mental crescem 24% no Ministério Público de SP

No dia em que pediu exoneração do Ministério Público de São Paulo, Mariana* pôs fim a um sonho e a um pesadelo, de uma vez só.

Sonho porque ela abandonava ali o plano se tornar promotora de Justiça. E pesadelo porque, nos dez anos anteriores, havia enfrentado uma pressão insalubre no trabalho e desenvolvido um quadro de depressão, síndrome do pânico e burnout (esgotamento físico e mental associado à atividade profissional). Pensou também em tirar a própria vida.

Já Helena* conta que era chamada de burra. E Joana* cita ter sofrido assédio sexual.

Essas são algumas das pessoas que relataram que sob condição de anonimato, uma rotina de assédio no MPSP. Por medo de retaliações, elas não quiseram se identificar. Todas tinham como chefes promotores e procuradores, alguns na entidade até hoje. O MP negou que exista uma cultura de assédio na instituição.

Comparando os primeiros sete meses de 2023 ao mesmo período do ano anterior, o número de afastamentos justificados por problemas de saúde mental no órgão cresceu 24%. Entre janeiro e julho de 2022, foram 83 episódios. Neste ano, o número subiu para 103. Os dados foram obtidos com exclusividade, via Lei de Acesso à Informação, e se referem a servidores da capital e da Grande São Paulo.

Além disso, entre junho de 2022 e maio de 2023, três servidores do órgão cometeram suicídio. Os funcionários, então, se mobilizaram e criaram uma campanha chamada “Nenhum servidor a menos”, para pedir medidas de apoio à saúde mental ao órgão.

Entre outras atribuições, o MP fiscaliza o poder do estado e garante direitos da população. “Em casa de ferreiro, o espeto é de pau”, descreve um dos servidores entrevistados. O MP tem cerca de 5,6 mil servidores concursados no estado.

Em nota, o MPSP disse que “refuta, veementemente, a infundada alegação segundo a qual a cultura do assédio vicejaria na instituição”. O órgão disse ainda que, nos últimos três anos, oito casos de assédio chegaram à Corregedoria, e em seis houve sanções aos acusados.

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