Os hospitais municipais mais lotados da cidade de São Paulo não têm estrutura para atender a demanda de pacientes, segundo relatório do Tribunal de Contas do estado.
É a espiral de um problema crônico, que afeta diariamente a população: filas, número insuficiente de enfermeiros e médicos, falta de equipamentos e até de itens básicos de higiene, como papel higiênico foram flagrados no hospital de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste, o campeão em atendimentos.
Nesta segunda (11), um socorrista do Samu relatou à reportagem da TV Globo que maca de uma ambulância foi transformada em um leito. Só que sem o equipamento, a ambulância teve que ficar parada. A situação, entretanto, não é um fato isolado.
“Semanalmente, umas três, quatro vezes por semana acontece de a maca ficar o dia todo. E a ambulância fica parada muitas vezes.”
Além da falta de leitos, os pacientes também amargam uma longa espera por exames importantes, como uma tomografia.
“Vim fazer uma tomografia. Três meses de espera. E tem uma que até hoje não me chamou, desde o ano passado”, relata uma paciente.
Uma gestante estava com febre e procurou atendimento no local. Ela teve muita dificuldade para conseguir fazer um ultrassom.
Segundo o levantamento, dos 29 hospitais municipais da capital, o de Ermelino é o mais lotado.
Entretanto, ele tem uma infraestrutura menor do que a de hospitais na mesma região com um fluxo menor de pacientes.
No primeiro semestre deste ano, ele registrou uma média de 3.200 atendimentos por dia e conta com 286 leitos e 363 médicos.
O número é muito acima do contabilizado no Hospital do Tatuapé, também na Zona Leste, que tem mais leitos e mais médicos.
O mesmo ocorre em outras regiões da cidade. De acordo com os dados, os hospitais da zonas Leste, Norte e Sul são os mais problemáticos.
O Hospital do Parque Novo Mundo, na Zona Norte, é o segundo com mais atendimentos e também está longe de ter estrutura. Falta equipamentos importantes e simples, como um aparelho para ultrassom convencional.
Em nota, a Secretaria municipal da Saúde disse que não recebeu o relatório do TCE. Disse ainda que os hospitais operam com os equipamentos que cada um foi contemplado e que são a retaguarda da urgência e emergência, de acordo com a complexidade, das UPAs e AMAs.