Pesquisa revela que 80% das mulheres adotam estratégias de segurança no cotidiano
Uma pesquisa recente realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão trouxe dados preocupantes sobre o medo e a insegurança vivenciados pelas mulheres no Brasil. De acordo com o levantamento, oito em cada dez mulheres adotam estratégias de segurança para se deslocarem em suas cidades.
O estudo, que contou com a participação de 1,6 mil entrevistadas de todo o país, mostra que 97% das mulheres temem sofrer violência ou importunação enquanto se deslocam. Assaltos, estupros e assédios sexuais estão entre os principais receios.
Para se sentirem mais seguras, a maioria das entrevistadas adota hábitos como evitar passar por locais desertos ou escuros, evitar sair à noite, avisar pessoas próximas sobre seus trajetos e compartilhar a localização com pessoas de confiança. Além disso, muitas optam por trajetos mais longos e demorados que sejam considerados mais seguros.
Os resultados da pesquisa também revelam que 74% das mulheres já passaram por alguma situação de violência nas ruas, como assaltos, agressões físicas, estupros, importunação/assédio sexual, discriminação ou racismo. Entre esses casos, a maioria ocorreu quando elas estavam a pé, enquanto os casos de importunação e assédio sexual foram mais frequentes dentro dos ônibus.
Surpreendentemente, 88% das entrevistadas afirmaram conhecer outras mulheres que já passaram por situações de violência semelhantes. Ônibus e trens são os meios de transporte que mais geram insegurança no grupo, mas também são considerados espaços onde há maior facilidade para denúncias e responsabilização dos agressores.
A diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, destaca a inaceitabilidade dessa realidade e ressalta a importância de aplicar as leis e desenvolver políticas e mecanismos para prevenção da violência de gênero. Segundo ela, todas as mulheres têm o direito de ir e vir sem medo ou risco de violência.
A pesquisa revelou ainda que 58% das mulheres se sentem mais seguras ao pegarem carros de aplicativo dirigidos por mulheres, e metade delas admitiu já ter fingido conhecer alguém na rua para parecer que estavam acompanhadas e evitar situações de risco.
Outro dado alarmante é que as mulheres negras tendem a sentir mais o impacto da falta de segurança do que as não-negras. Além disso, cerca de 60% das entrevistadas acreditam que as violências relatadas aumentaram nos últimos anos.
Diante desse cenário, nove em cada dez mulheres reconhecem a responsabilidade do Estado em desenvolver iniciativas para reduzir a sensação de insegurança durante os deslocamentos. Melhorias no policiamento e na iluminação pública foram as medidas mais citadas pelo grupo.
Os resultados dessa pesquisa reforçam a urgência de se combater a violência de gênero e garantir a segurança das mulheres em seu cotidiano. É necessário que medidas efetivas sejam tomadas para que todas as mulheres possam exercer seu direito de ir e vir com tranquilidade e sem medo.