Refugiados afegãos acampados no Aeroporto de Guarulhos aguardam por abrigo
No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o número de afegãos à espera de acolhimento aumentou significativamente devido à falta de abrigos disponíveis. De acordo com dados de ONGs divulgados neste domingo (26), há atualmente 170 pessoas acampadas no saguão do aeroporto, incluindo 45 crianças.
A situação levou a TV Globo a acompanhar a situação de perto neste domingo, constatando que as barracas voltaram a se espalhar pelo terminal. Em agosto, o portal G1 já havia noticiado que os afegãos que chegaram ao Brasil demoraram um ano para conseguir comprar passagens com destino a São Paulo.
A falta de estrutura básica no aeroporto tem sido um desafio para os voluntários que cuidam dos refugiados. Ana Paula Pinhati Oliveira, vice-presidente da Organização de Resgate dos Refugiados Afegãos, explicou que não há banheiros adequados ou vestiários disponíveis para a higiene pessoal dos afegãos. Além disso, a maioria da população acampada é muçulmana e precisa seguir rituais de higiene antes das refeições, o que se torna impossível nas condições atuais do aeroporto.
A alimentação tem sido fornecida pela prefeitura de Guarulhos durante a semana, enquanto as ONGs se responsabilizam pelos finais de semana. Contudo, a situação precária das barracas e a falta de abrigo adequado continuam sendo um problema para as autoridades.
Uma possibilidade inicial era a criação de um abrigo em Franco da Rocha, com capacidade para 150 pessoas. No entanto, segundo o governo estadual de São Paulo, essa opção não foi viabilizada por questões técnicas. Aline Sobral, do Coletivo Frente Afegã, desabafou sobre a situação: “Quando esse tormento vai acabar? Desde 30 de junho todos se reuniram e Franco da Rocha iria receber os refugiados, mas o governo estadual barrou. As ajudas humanitárias estão escassas”.
O governo estadual informou que está em negociações para acolher os refugiados em um complexo na Região Metropolitana de São Paulo, com capacidade para até 300 pessoas. A previsão é que o espaço esteja pronto em 30 dias, mas não foi divulgada a cidade onde ficará localizado.
Em setembro, o governo federal prorrogou a concessão de visto temporário e autorização de residência para afegãos que desejam viver no Brasil devido à instabilidade institucional e violações de direitos humanos no Afeganistão desde a retomada do poder pelo Talibã. As solicitações de visto temporário podem ser feitas nas embaixadas brasileiras em Teerã, no Irã, e Islamabade, no Paquistão.
Desde a intervenção militar no Afeganistão e a retomada do poder pelo Talibã, famílias afegãs têm buscado refúgio no Brasil. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados já atendeu 1.035 afegãos somente em 2022, a maioria composta por homens e mulheres com formação universitária.