Ex-ajudante de Ordens Revela Acusações Contra Bolsonaro
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou em delação premiada que Bolsonaro teria recebido US$ 86 mil em espécie. Segundo Cid, o montante é oriundo da venda de joias presenteadas por autoridades estrangeiras. Os valores foram supostamente repassados entre 2022 e 2023 por ele e seu pai, Mauro Cesar Lourena Cid.
Detalhes da Venda das Joias
Na delação, Cid afirmou ter recebido instruções de Bolsonaro para avaliar e vender certos presentes recebidos. Entre os itens negociados estavam dois relógios de luxo e um kit de joias em ouro branco.
Os valores foram entregues a Bolsonaro em cinco ocasiões diferentes:
- US$ 18 mil por Mauro Cid em 2022, no Brasil;
- US$ 30 mil por Lourena Cid em 2022, em Nova York;
- US$ 10 mil por Mauro Cid em 2022, no Brasil;
- US$ 20 mil por Lourena Cid em 2023, em Miami;
- US$ 8 mil por Mauro Cid em 2023, no Brasil.
Conforme Cid, as vendas foram depositadas na conta bancária de seu pai para evitar bloqueios nos Estados Unidos, e os valores foram entregues em dinheiro vivo para impedir rastreamento bancário.
Outras Tentativas de Venda
Após o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenar a devolução das joias, Cid e outros ex-assessores de Bolsonaro tentaram recomprar os itens. Outros bens considerados para venda incluíam um kit de joias em ouro rosé e duas esculturas douradas. As esculturas não foram vendidas devido à necessidade de avaliação detalhada. As joias em ouro rosé foram leiloadas online com valor inicial de US$ 50 mil, mas não foram arrematadas.
Publicação da Delação e Reação da Defesa
A delação de Mauro Cid foi tornada pública na quarta-feira (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após Bolsonaro ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a acusação de liderar uma organização que planejava um golpe de Estado.
A defesa de Bolsonaro negou as acusações, classificando a delação como “narrativa fantasiosa”. Os advogados afirmaram que o depoimento de Cid foi “diversas vezes alterado” e que o tenente-coronel “questiona a sua própria voluntariedade” no acordo de colaboração.
Declaração da Defesa de Bolsonaro
“A defesa do Presidente Jair Bolsonaro recebe com estarrecimento e indignação a denúncia da Procuradoria-Geral da República, divulgada hoje pela mídia, por uma suposta participação num alegado golpe de Estado. O Presidente jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam.
A despeito dos quase dois anos de investigações — período em que foi alvo de exaustivas diligências investigatórias, amplamente suportadas por medidas cautelares de cunho invasivo, contemplando, inclusive, a custódia preventiva de apoiadores próximos —, nenhum elemento que conectasse minimamente o Presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado.
Não há qualquer mensagem do Presidente da República que embase a acusação, apesar de uma verdadeira devassa que foi feita em seus telefones pessoais. A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si e baseada numa única delação premiada, diversas vezes alteradas, por um delator que questiona a sua própria voluntariedade. Não por acaso ele mudou sua versão por inúmeras vezes para construir uma narrativa fantasiosa.
O Presidente Jair Bolsonaro confia na Justiça e, portanto, acredita que essa denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário.”