O último lampião a gás da cidade de São Paulo, para uso operacional, foi desligado há 87 anos, em dezembro de 1936. Mas ele resistiu no Pateo do Collegio, no Centro, ponto de fundação da capital.
Após a revitalização das luminárias e reposição de peças, uma parceria da Subprefeitura da Sé com a Comgás, os lampiões serão reinaugurados nesta quinta-feira (14), durante o evento “Lampiões, a luz da alma paulistana!”, uma caminhada aberta ao público que se iniciará às 18h30, no Pateo do Collegio. Todo o percurso, iluminado pela luz dos lampiões a gás.
O supervisor de Cultura da Subprefeitura Sé, Luiz Arruda, fala sobre a importância dos lampiões para a memória da cidade:
“A tecnologia tem avançado muito, tornando nossas ruas mais claras. Mas os lampiões a gás são a memória de uma São Paulo bucólica que segue viva na lembrança”.
A história dos lampiões a gás foi iniciada em 1.873, quando a San Paulo Gas Company, a atual Comgás, passou a ser responsável pela iluminação da fachada de importantes locais da Cidade, como a Catedral da Sé.
O gás era obtido pela queima do carvão — bem antes disso, a partir de 1830, existiam lampiões que funcionavam pela combustão do azeite, inclusive óleo de baleia. Em 1873, havia cerca de 700 estruturas do tipo pela cidade, que se multiplicaram e caracterizaram a iluminação pública.
Os lampiões eram acesos e apagados manualmente por profissionais que ajudaram a escrever as crônicas da cidade. Em noites de lua cheia, os lampiões eram mantidos apagados por economia.
A iluminação a gás representou um marco para a vida noturna da cidade. As ruas, antes desertas à noite, passaram a ter movimento de pessoas. Boêmios, estudantes, jornalistas, políticos, famílias circulavam a pé pelo Triângulo Histórico, onde fica o Pateo do Collegio.
No final da década de 80, o gás natural passou a ser utilizado. O acendimento ainda se dava de forma manual e intermitente. Em 2001, o sistema foi convertido para a ligação automatizada. Em 2013, os postes foram desligados de vez.