Por Danilo Queiroz — Agência Pública
Os intervalos bíblicos em escolas têm se tornado o centro de um debate legislativo promovido por parlamentares evangélicos e cristãos conservadores em Pernambuco. Desde que a Secretaria de Educação (SEE-PE), o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Pernambuco (Sintepe) e o Ministério Público do Estado (MPPE) começaram a questionar esses momentos de culto, a prática vem sendo alvo de denúncias.
Denúncias e Projetos de Lei
As programações, que deveriam ser voluntárias, teriam se tornado obrigatórias em algumas escolas, segundo denúncias. Além disso, alunos de outras religiões não estariam recebendo o mesmo espaço para suas práticas religiosas.
Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), dois projetos de lei defendem os intervalos bíblicos. Outros dois projetos foram apresentados na Câmara dos Deputados por Missionária Michele Collins (PP).
Debates e Investigações
O deputado estadual Joel da Harpa (PL) convocou uma audiência pública na Alepe para discutir os intervalos bíblicos. O tema também tem sido amplamente discutido nas redes sociais por parlamentares evangélicos. “Por que a perseguição contra os intervalos bíblicos, se esses encontros conseguem o que nem a direção das escolas nem a polícia é capaz de fazer: tirar os jovens das drogas e da prostituição?”, questionou o deputado.
O MPPE iniciou um procedimento administrativo para investigar o ensino religioso e a laicidade nas escolas públicas. O Sintepe relatou denúncias de que cultos evangélicos estariam ocorrendo sem a inclusão de outras crenças.
Propostas Legislativas e Audiências
O deputado Abimael Santos (PL) propôs sanções para quem inibir a liberdade religiosa, incluindo advertências e multas. Renato Antunes (PL) apresentou um projeto para reconhecer a importância dos intervalos bíblicos, exigindo espaços adequados nas escolas.
Envolvimento de Entidades e Cancelamento de Audiência
A Anajure solicitou ao MPPE o envio de procedimentos administrativos e denúncias. Uma audiência pública sobre o tema foi cancelada devido à superlotação.
Outros Desenvolvimentos
Missionária Michele Collins apresentou projetos na Câmara dos Deputados assegurando ritos religiosos voluntários em escolas. As multas poderiam chegar a R$ 6 mil em casos de reincidência.
Mobilização nas Redes Sociais
A audiência do dia 11 foi requisitada pela Comissão de Segurança Pública e Defesa Social da Alepe, com o apoio de políticos bolsonaristas. A conta Juntos pelo IB no Instagram, criada por estudantes, já possui 1,1 mil seguidores e um abaixo-assinado com mais de 17 mil assinaturas.
O pastor Teo Hayashi, da igreja Zion Recife, utilizou sua conta no Instagram para acusar o Sintepe de perseguição cristã. “Pouco a pouco eles vão tachar a Bíblia como um livro de ódio, é isso que a esquerda deseja”, afirmou.
Casos de Discriminação
O Sintepe também recebeu relatos de discriminação contra praticantes de candomblé. Em Paudalho, duas estudantes teriam sido ofendidas por serem praticantes de candomblé.
A Escola Técnica Estadual (ETE) Aderico Alves de Vasconcelos em Goiânia também teria desestimulado um intervalo de candomblé. A presença em encontros religiosos católicos era obrigatória, com atividades valendo nota.
O professor Marcondes Rodrigues relatou que, após um “momento de transe religioso”, estudantes foram levados ao hospital. Ele criticou a institucionalização dos intervalos bíblicos, destacando que a prática fere a laicidade do Estado.
Fonte: https://iclnoticias.com.br/intervalos-biblicos-em-escolas/